Resumo:

O acelerado envelhecimento populacional, em especial nas nações emergentes como o Brasil, impõe a necessidade de identificar idosos com maior risco de dependência funcional. Neste sentido, é fundamental testar instrumentos de avaliação para identificar perda de Capacidade Intrínseca (CI), caracterizada pela combinação das capacidades físicas (mobilidade, vitalidade, visão e audição) e mentais (cognitivas e psicológicas) que sustentam a autonomia e independência de um indivíduo. Partindo deste pressuposto, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu o Projeto Integrated Care for Older People (ICOPE), cujo objetivo é identificar precocemente a perda de CI e aplicar ações simples de reabilitação e tratamento. O programa é constituído por ferramenta de triagem; instrumentos diagnósticos para avaliação pormenorizada; e ainda plano de tratamento direcionado a cada domínio avaliado (não incluído neste projeto). A ferramenta de triagem foi construída por um painel de especialistas da OMS, mas ainda não foi amplamente testada. O piloto para aplicação do ICOPE foi iniciado na França, em 2019, incluiu 755 idosos, demonstrando perda de CI em mais de 50% deles. Estudos em outros países (China, Índia) estão sendo conduzidos, mas ainda há lacuna significativa de conhecimento, sobretudo na América Latina.

Embora o ICOPE esteja embasado em conceitos conhecidos, sua ferramenta de triagem deve passar pelo escrutínio científico, tanto para avaliar a sua validade em identificar a perda de CI, como sua capacidade preditiva para declínio funcional ao longo do tempo.

Diante do exposto, o objetivo deste projeto é, através de estratégia colaborativa, propor a condução de Estudo de Coorte Prospectivo Multicêntrico, para quantificar a prevalência de perda de capacidade intrínseca na população idosa brasileira na atenção básica, avaliar a validade da ferramenta de triagem do ICOPE e estudar a capacidade do instrumento de triagem em predizer declínio funcional, risco de hospitalização e morte.